Main menu

Pages


 Retinoblastoma é o tumor maligno que surge na retina, uma fina camada composta por células nervosas que reveste o interior dos olhos e é responsável pela captação de luz. A retina “sente” a presença de luz e envia impulsos através do nervo óptico para o cérebro, onde esses sinais são interpretados como imagens.

O retinoblastoma é o tumor ocular mais comum da infância, sendo responsável por até 15% de todos os cânceres que surgem no primeiro ano de vida.

Ainda que possa surgir nos dois olhos, em mais de 75% dos casos, o tumor surge em apenas um deles.

O retinoblastoma ocorre em aproximadamente 1 a cada 15.000 crianças. A idade média no diagnóstico é de 18 a 20 meses; média de 12 meses para crianças com doença bilateral e 24 meses para crianças com doença unilateral. Em 95% dos casos, o tumor surge antes do cinco anos de idade.

A incidência é semelhante em meninos e meninas, e não há predileção racial.

Se não for tratado a tempo, o retinoblastoma é uma doença mortal. Felizmente, com os avanços no tratamento, a sobrevida atualmente é de mais de 95%.

O encaminhamento precoce a um oftalmologista oncológico e o tratamento adequado por uma equipe multidisciplinar são essenciais para otimizar o resultado visual e a sobrevida da criança.

COMO SURGE

O retinoblastoma é uma doença de origem genética, decorrente da mutação de um gene, chamado RB1, localizado no braço longo do cromossomo 13.

Essas mutações fazem com que as células da retina continuem crescendo e se multiplicando de forma descontrolada, enquanto as células saudáveis morrem. Essa massa acumulada de células forma o tumor dentro dos olhos.

As células de retinoblastoma podem invadir mais profundamente e alcançar estruturas ao redor dos olhos. Também pode se espalhar (causar metástases) para outras áreas do corpo, incluindo o cérebro e a coluna vertebral.

Forma hereditária

Em 10 a 30% dos casos, a doença tem origem hereditária, ou seja, a mutação do cromossomo 13 é herdada de um dos pais. Se um dos pais for portador de um gene mutante, cada filho ou filha terá 50% de chance de herdar esse gene.

Crianças com a forma hereditária de retinoblastoma tendem a desenvolver a doença mais cedo. O retinoblastoma hereditário também tende a ocorrer em ambos os olhos, ao contrário da forma não hereditária, que costuma provocar doença em apenas um olho.

Embora a mutação genética aumente o risco de retinoblastoma, isso não significa que a criança vá necessariamente desenvolver o câncer.

Forma não hereditária

Nos 70 a 90% restantes dos casos, o retinoblastoma surge por uma nova mutação no cromossomo 13, sem nenhuma relação familiar e sem causa ainda identificada.

Pacientes que desenvolvem a forma não hereditária não apresentam risco de passar o gene mutante para os seus filhos.

Após o diagnóstico em um membro da família, sugere-se o aconselhamento genético com um especialista, de forma a avaliar a necessidade do exame genético a outros membros da família, especialmente aos irmãos, para determinar o risco destes desenvolverem a doença.

SINTOMAS

O retinoblastoma geralmente se apresenta com leucocoria, termo cujo significado literal é “pupila branca”.

Em casos mais óbvios, a leucocoria pode ser identificada por observação simples dos olhos, sem luz especial ou qualquer outra ajuda. Você olha para a pupila da criança e ela tem cor mais clara.

Na maioria dos casos, porém, a pupila parece branca apenas em certas circunstâncias, como quando ela fica dilatada em uma sala com pouca iluminação, quando a criança olha para uma direção específica ou nas fotografias com flash, quando uma das pupilas apresenta um “reflexo branco” anormal em comparação com o outro olho, como demonstrado na foto abaixo.

Leucocoria
Retinoblastoma – LEUCOCORIA no olho esquerdo

A forma correta de diagnosticar a leucocoria é através do exame dos olhos com um oftalmoscópio. Esse exame pode ser feito facilmente no consultório do pediatra ou de um oftalmologista.

A leucocoria não é uma manifestação exclusiva do retinoblastoma, há outras causas possíveis de pupila branca, como catarata, descolamento de retina, retinopatia da prematuridade, infecção intraocular (endoftalmite) e anormalidades vasculares da retina (doença de Coats).

Além da leucocoria, que é o sinal mais comum, a criança também pode apresentar estrabismo (olhos vesgos), nistagmo (discretos movimentos involuntários dos olhos), olhos vermelhos, dor ocular, inchaço no olho e redução da acuidade visual.

HISTÓRIA NATURAL

Não tratado, o retinoblastoma é uma doença mortal. O tumor cresce dentro do olho e destrói o globo ocular.

A rota mais comum de disseminação metastática é a infiltração direta através do nervo óptico para o sistema nervoso central. Invasão de vasos sanguíneos e disseminação das células tumorais através do sangue para pulmões, ossos, fígado ou cérebro também é comum. Outra via possível é a disseminação através da circulação linfática.

A disseminação metastática geralmente ocorre nos primeiros 12 meses da apresentação clínica do retinoblastoma.

Com tratamento, a taxa de sobrevivência do retinoblastoma é maior 95%. No entanto, o prognóstico para o salvamento do olho é bem mais baixo e depende do estágio da doença no momento do diagnóstico. A regressão espontânea pode ocorrer em um pequeno número de casos, mas é algo raro.

A taxa de cura para doença já com metástase para o sistema nervoso central é bem baixa, ao redor de 10%.

DIAGNÓSTICO

Uma vez que exista a suspeita de retinoblastoma, a criança deve ser encaminhada para um oftalmologista para confirmar – ou descartar – o diagnóstico. Alguns testes utilizados para esse fim são:

  • Mapeamento de retina ou exame de fundo de olho: nesse exame, após dilatação da pupila, o médico examina o olho da criança com uma lente especial tentando identificar o tumor, podendo avaliar o seu tamanho e se há comprometimento de outras estruturas do olho.
  • Ultrassonografia ocular: esse exame é fundamental para avaliar o tamanho do tumor, se há descolamento da retina e/ou comprometimento de outras estruturas, como o nervo óptico, por exemplo.
  • Tomografia computadorizada ou ressonância magnética: ambos exames podem ajudar no diagnóstico do tumor, mas são mais importantes para avaliar a presença de metástases.

Nas crianças pequenas, menores de 3 anos, pode ser necessário fazer os exames com a criança sedada ou sob anestesia geral.

RASTREIO

Nos bebês com elevado risco, isto é, naqueles com história familiar positiva de retinoblastoma, o rastreio do tumor deve ser feito de forma rotineira nos primeiros anos de vida.

A Associação Americana de Oncologistas e Patologistas Oftálmicos sugere o seguite esquema de rastreio para o retinoblastoma:

  • Durante os primeiros três anos de vida, os exames de rastreio são realizados inicialmente a cada um ou dois meses e, em seguida, espaçados a cada três meses, se não houver achados preocupantes.
  • Entre os três e sete anos, os exames são realizados a cada quatro a seis meses.
  • Se o teste genético revelar que a criança não tem uma mutação herdada do gene RB1, o rastreamento pode ser interrompido aos 7 anos.
  • Se o teste genético revelar que a criança é portadora de uma mutação RB1, ela deve continuar a fazer exames regulares a cada um ou dois anos após os sete anos de idade.

TRATAMENTO

Como já referido, o retinoblastoma é uma doença que tem cura. Sendo assim, os objetivos do tratamento são, em ordem de prioridade: curar o tumor e salvar a vida da criança, preservar a visão e preservar a aparência estética do olho. Nem sempre os três objetivos conseguem ser alcançados.

Os melhores tratamentos para o retinoblastoma dependem do tamanho e localização do tumor, se o câncer se espalhou para outras áreas além do olho e da saúde geral da criança.

Algumas opções de tratamento atualmente disponíveis incluem radioterapia, braquiterapia, quimioterapia, crioterapia, fotocoagulação com laser e enucleação (remoção cirúrgica do globo ocular).

Tumores pequenos costumam ser tratados por fotocoagulação com laser ou crioterapia. Tumores de tamanho médios são tratados por quimioterapia, braquiterapia ou radioterapia e laser. Já os tumores grandes, habitualmente só podem ser tratados com a remoção completa do globo ocular.

Quando já há invasão do sistema nervoso central ou metástases à distância o tratamento indicado é a quimioterapia e radioterapia.

reactions

Commentaires